Nicolau

Mas o que salva a humanidade
É que não há quem cure a curiosidade

(Tom Zé • Salva a humanidade)

Vontade, imaginação, ação e paixão.

Com esses quatro ingredientes, o ser humano traça seu caminho na Terra, superando todas as adversidades e se adaptando a toda situação. Sim, a natureza é sempre maior e mais complexa do que nós podemos imaginar. Mas a inventividade humana se emparelha com ela na grandeza. A invenção é a nossa natureza.

Tentamos, erramos, aprendemos e continuamos a tentar. De tentação em tentação, de erro em erro, de desvio em desvio, marcamos um labirinto no mundo, que urge ser resolvido, com coragem, curiosidade, prontidão e inocência.

Porque o labirinto é uma armadilha, com um monstro dentro.

Mas também é um brinquedo de criança, que se resolve um dia.

Não sei quando foi que a educação de uma criança se tornou um negócio tão sério.

Dois tocos, uma lata, uma linha, um pedaço de alguma coisa e toda a ciência humana aparece prontamente na brincadeira. Um menino e meia dúzia de cacarecos é Einstein, Tesla, Newton, Galileu. Ele monta uma hipótese, imagina teorias, constrói universos, apaga lousas, faz cálculos. Tudo isso sem nome ainda. Tudo no mundo da invenção.

Quando o adulto vende o seu tempo para ficar muito ocupado ele cria brinquedos que brincam sozinhos enquanto a criança os assiste. Coisinhas que se mexem, que cantam, que fingem afeto, que obedecem comandos, que competem entre si e que simulam mundos.

O adulto também cria máquinas e fábricas para ele, que fazem todas as coisas pensadas enquanto ele tem tempo para proferir suas opiniões e idéias sentado num computador. O mundo está se enchendo de cacarecos que brincam sozinhos até quebrar cada vez mais rápido, enquanto o homem vai se transformando num amontoado de idéias e desejos sem ação.

Urge fazer alguma coisa, não?

Brincar com o mundo, interagir com ele. Criar coisas com as nossas mãos. Botar a mão na massa do mundo e fazer dele uma coisa bonita e divertida. Para nós, para o nosso prazer, para a nossa alegria, para a criança que mora em nós e as crianças que nos rodeiam.